segunda-feira, 23 de março de 2009

Sentes-te ainda, na dormencia dos dias ?
Sentes-te ainda como uma folha esquecida ?
Onde alguém desenhou um sopro de vida
E se abandonou ao traço em jeito de despedida ?

Consegues ainda, respirar sem ardor ?
Tocar lá no fundo de ti e sentir calor ?
Consegues ainda perscrutar no caminho
Os sons de quem te chama, por te ver sozinho?

Sabes ainda o que é dizer sim?
Olhar nos teus olhos e reconhecer-te assim ,
Vazio, como uma concha inabitada,
Como uma folha de papel por alguém desenhada .

Sabes ainda a que sabe aquele beijo ,
Em que te rendes em loucura e te encontras por fim ?
Sabes ainda a quem te deste,
Sem gosto, sem dor, sem alma em si ?

Sabes mesmo a que soube esse olhar ?
Que entregaste sem remorsos e onde foste buscar ,
O dia, a noite, os sonhos por fim
Dormentes, como tu, amortalhados em cetim.

Sabes que sim.
Ainda sabes que sim.

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