sábado, 25 de setembro de 2010

Descobri ao acaso todos os cadernos quase cheios de outra Era.
Outra pessoa rabiscou nas suas páginas os devaneios, as ilusões, o auto-flagelo de ego ou tão somente as emoções inomináveis que experienciava avidamente.
Era outra pessoa.
Não me reconheço já naqueles traços trémulos que a caneta teimosamente desenhou no papel.
Não conheço aquela dor disfarçada de ingenuidade que incendeia aquelas palavras...
Os textos, meticulosamente arquitectados, tombam perante a minha leitura com a certeza de terem sido alimentados pela fome de exposição que hoje me agonia e transmuta os sentidos.

Minto.
Conheço tão bem cada pedaço daquela dor que ainda hoje lhe sinto o sabor a cobre na língua,
Ainda me assombram aqueles pensamentos, de tal forma que ainda hoje tenho dificuldade em adormecer...
Com medo que eles ousem tocar-me novamente.

Construí, nos textos e na mente, uma torre tão alta que me proteja...
Hoje não a reconheço.
Não me quero reconhecer.
E lamento por essa, que já não sou eu, que nunca teve quem a defendesse.
Talvez tenha sido positivo, hoje já se defende sozinha, claramente.
Antecedo os teus passos com a mesma ansiedade com que te desejo sentir.
Ouço-os já a cruzar a minha sombra, a alcançar o meu espaço...
A minha zona de conforto, fragilmente erguida, o meu recato interior à insanidade que grassa lá fora.
Trespassas esta propriedade com o mesmo à vontade com que partilhas a minha vida, e a minha mente... todos os dias.
Consigo sentir-te as dores, as mágoas, como se a tua carne vivesse dormente e latejasse premente debaixo da minha.
Como se nos tivéssemos fundido numa massa distinta, mas uniforme e coesa ao mesmo tempo.

Sinto-te.

Dedilho cada poro de ti com o mesmo reconhecimento de cada milímetro meu.
Partilho-te o pensamento mesmo antes de a necessidade te surgir.
E sorris-me, quando devia ser eu a estar grata por te ter.

Trespassaste o meu recato, invadiste a minha zona de conforto.
Sinto-me frágil e a minha vontade, antes firme e segura, é agora volátil perante um tu que me assola.
Não sei ainda lidar com isto.
Ainda não sei se é suposto lidar com isto.

Ou simplesmente ceder.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Buscas

Procurei através da catarse prometida pela ebriedade uma evasão...
Procurei, esse depurar das minhas lamúrias, dos meus medos
Como qualquer ancião, numa qualquer seita, procura uma fé que nunca o há-de iluminar,
Nem trazer a imortalidade, Nem tão meramente paz de espírito.

A busca premoniza apenas mais uma aflição. Mais não se reflita no espectro da frustração de nunca se alcançar o almejado,Mas ainda acresce a constante inquietação do próprio acto quase masoquista quando simplesmente não cedemos a parar de procurar.

Não alcancei a catarse prometida...
O álcool já me é conhecido nas veias como os efeitos narcóticos se cumprimentam com as sinapses neurais no meu cérebro.

Não me evadi...
As palavras continuaram a invadir-me e eu não lhes consigo bloquear passagem,
Acendo outro cigarro, outra batalha perdida contra o conforto de efeito placebo que me traz este travo de boémia...
Escondo-me na intelectualidade do fumo, do álcool, do jazz que escorre pelas paredes como se tentasse fugir da própria sala, quase tanto como eu...
Escondo-me e as lágrimas que me engasgam não transparecem.
Não consegui a catarse,
Mas ainda sou a mestre no que toca diluir sentimentos e guardá-los na espera da algibeira.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Há pessoas que como tatuagens se impregnam em nós,
São como o ranger de articulações no meu baú de memórias,
Fedem a mofo como cada pedaço de recordação que tão bem encaixotei dentro de mim...
Ainda assim teimam em vir tomar ar, de vez em quando.
Essas p e s s o a s...
Digo-o repetidamente até perder o sentido morfológico....
Mas sou eu que acabo sempre por me perder...
Sou sempre eu que acabo por perder.

domingo, 30 de maio de 2010

Janis Joplin - Piece of my heart




^Take it whole... just ripp it off my chest... That way it'd hurt a lot less.

The Cure - Apart




he waits for her to understand
but she won't understand at all
she waits all night for him to call
but he won't call anymore
he waits to hear her say
forgive
but she just drops her pearl-black eyes
and prays to hear him say
i love you
but he tells no more lies

he waits for her to sympathize
but she won't sympathize at all
she waits all night to feel his kiss
but always wakes alone
he waits to hear her say
forget
but she just hangs her head in pain
and prays to hear him say
no more
i'll never leave again

how did we get this far apart?
we used to be so close together
how did we get this far apart?
i thought this love would last forever

he waits for her to understand
but she won't understand at all
she waits all night for him to call
but we won't call
he waits to hear her say
forgive
but she just drops her pearl-black eyes
and prays to hear him say
i love you
but he tells no more lies

how did we get this far apart?
we used to be so close together
how did we get this far apart?
i thought this love would last forever

quinta-feira, 27 de maio de 2010

I know not what these words may mean to you
What this touch , warm and soft, reminds you of.
I cannot deceive this smile, dancing and trembling in my lips
Everytime you take a glimpse at me
Everytime you smile back.

I can only think wishful thoughts
I can only breathe through this dream alive yet,
Mourning in softly blended sorrow
Greasing it up against my self-centered being
So tough, and yet so fragile...

Like autumn leaves I crack beneath your feet.
With a silent sigh of swallowed pain that tends to exhale from my mouth
everytime I say your name...
everytime I say your name.

sábado, 22 de maio de 2010

As I walked out one evening

Walking down Bristol Street,
The crowds upon the pavement
Were fields of harvest wheat.

And down by the brimming river
I heard a lover sing
Under an arch of the railway:
"Love has no ending.

"I'll love you, dear, I'll love you
Till China and Africa meet,
And the river jumps over the mountain
And the salmon sing in the street,

"I'll love you till the ocean
Is folded and hung up to dry
And the seven stars go squawking
Like geese about the sky.

"The years shall run like rabbits,
For in my arms I hold
The Flower of the Ages,
And the first love of the world."

But all the clocks in the city
Began to whirr and chime:
"O let not Time deceive you,
You cannot conquer Time.

"In the burrows of the Nightmare
Where Justice naked is,
Time watches from the shadow
And coughs when you would kiss.

"In headaches and in worry
Vaguely life leaks away,
And Time will have his fancy
To-morrow or to-day.

"Into many a green valley
Drifts the appalling snow;
Time breaks the threaded dances
And the diver's brilliant bow.

"O plunge your hands in water,
Plunge them in up to the wrist;
Stare, stare in the basin
And wonder what you've missed.

"The glacier knocks in the cupboard,
The desert sighs in the bed,
And the crack in the tea-cup opens
A lane to the land of the dead.

"Where the beggars raffle the banknotes
And the Giant is enchanting to Jack,
And the Lily-white Boy is a Roarer,
And Jill goes down on her back.

"O look, look in the mirror,
O look in your distress;
Life remains a blessing
Although you cannot bless.

"O stand, stand at the window
As the tears scald and start;
You shall love your crooked nelghbour
With your crooked heart."

It was late, late in the evening,
The lovers they were gone;
The clocks had ceased their chiming,
And the deep river ran on.

by W H Austen -> 1937

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Porcupine Tree - Sentimental

Hoje foi assim, no barco, com uma super bock.

Amanhã será ... noutra galáxia, com uma estrela na algibeira e o sonho em que sou mais forte.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Um travo deste dia como se lâminas fossem.
E o que mais me choca é a minha passividade perante a minha própria fraqueza de espírito.

domingo, 16 de maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010

Se pudesse purgar este impulso de mim
Abrir a mente e deixar resvalar do meu centro todos os sons,
Todas as cores...
Esvaziar-me de tudo isso.

Quero purgar estes sonhos e anseios.
Quero tanto ser normal que quando tento,
Somente me frustra não conseguir tornar os outros mais parecidos comigo.

Gostava de me sentir pertença.
Que alguém realmente me precisasse de forma incondicional.
Sabendo-o ilusão resta-me tentar compreender porque ainda aqui estou
Porque ainda me esforço...
Porque ainda tento mover a montanha, mesmo que só tendo a minha sombra por companhia.

Dias Maus, e os meus 'heróis'...



Só um abraço teu, desses que me deixam cheiro a chupa de morango no cabelo me consegue trazer algum conforto hoje.

sábado, 8 de maio de 2010

Rotten Apple - Alice In Chains



Hey Ah Na Na
Innocence is over
Hey Ah Na Na
Over

Hey Ah Na Na
Ignorance is spoken
Hey Ah Na Na
Spoken

Hey Ah Na Na
Confidence is broken
Hey Ah Na Na
Broken

Hey Ah Na Na
Sustenance is stolen
Hey Ah Na Na
Stolen

Hey Ah Na Na
Arrogance is potent
Hey Ah Na Na
Potent, yeah

What I see is unreal
I've written my own part
Eat of the apple, so young
I'm crawling back to start

Hey Ah Na Na
I repent tomorrow
Hey Ah Na Na
Tomorrow

Hey Ah Na Na
I suspend my sorrow
Hey Ah Na Na
Sorrow, yeah

What I see is unreal
I've written my own part
Eat of the apple, so young
I'm crawling back to start

Hey Ah Na Na
A romance is fallen
Hey Ah Na Na
Fallen

Hey Ah Na Na
Recommend you borrow
Hey Ah Na Na
Borrow, yeah

What I see is unreal
I've written my own part
Eat of the apple, so young
I'm crawling back to start

Hey Ah Na Na
Senta-te aqui.

Mais perto.

Assim, consigo tecer na minha mente a rede de sentidos que o teu cheiro desencadeia.
Assim, consigo decifrar nos teu olhos a verdade que os incendeia.
Assim, consigo provar na minha pele essa angústia que te aleija e me magoa.

Chega-te mais perto, mas,

Não tão perto que não possa distinguir o meu espaço do teu.
Não tão perto que a tua sombra engula a minha e eu deixe de ser eu.
Não tão perto que as tuas pegadas varram as minhas nesta areia do pensamento.
Não.

Assim tão perto não.

Quero-te comigo, mas não em mim.

Quero trazer-te no bolso e brincar contigo quando a noite for crua e a lua me cantar as canções da solidão e do fim.

Quero saber-te bem, como um passeio na praia ao fim do dia em que o Sol aquece a alma mas não queima a pele.

Quero-te assim. Disponível. Mas não sempre.

Quero-te assim.

Como eu já fui um dia,
Quando me encontraste despida de alma
Embrulhada nas minhas lamúrias juvenis como um sórdido presente.

Nesse dia, podias ter sido livre

E eu,

Hoje podia ser melhor.
Partilhámos as horas como se com o amanhecer o sonho terminasse
Dedilhámos as estrelas como se pudéssemos delas trazer algum sentido para o que estávamos a experienciar
Mas nada se comparava ao que estávamos a viver.
Como se de um momento para o outro nos tivéssemos descoberto na multidão
Dois seres destinados a co-existir em felicidade perfeita mas só naquele instante,
Só por aquele breve instante em que dois pares de horas voaram por nós apressadas,
Só naquele sonho turvo de anos, reprimido e encoberto nos pudémos reconhecer e tocar.

E sim, tinhas razão,

Quando a luz impiedosa nos invadiu a alma tu voltaste a ser mais um rosto e eu tornei a esquecer-me de ser feliz.

17/08/08
Podes trazer no peito essa saudade embrulhada em cetim
Como a alegria manuscrita em verso num guardanapo de papel
Como o amor esboçado a lápis de cera nas paredes do teu quarto
Podes trazer essa saudade atada ao peito, presa a cordel

Podes desenhar no infinito um sorriso sereno
Caminhar sem sentido por toda a vida
Completar-te com alguém que te acarinhe em pleno
Ou podes até sentar-te num banco sozinho e gozar essa ironia...

Podes escrever mil versos
Sentir mil desejos
Sonhar mil utopias
Discutir mil ideias
Amar... Amar tanto que a própria alma deixe de ser tua
E passe a pertencer, dissociada de ti, a todos a quem amaste.
Procurei-te como o cansaço busca o alívio do peso dos músculos
Como as tuas mãos buscam avidamente a minha pele
E como o teu sabor me persegue na alma por todo o dia

Procurei-te por mim
Para, de forma egoísta, te amealhar,
Para não deixar dispersar-se no tempo a tua voz
Para te ouvir e tocar quando somente a minha alma te vê e te sente
Para te poder sentir e cheirar, lamber-te com os olhos quando somente a tua memória me acompanha

Procurei-te hoje...
Como te procuro sempre, como sempre me lembro de ti,
Como sempre me preenches os dias, mesmo que não o saibas
Como sempre te amo desta forma clara, límpida, transcendente,
Mesmo que o 'Amo-te' que esperavas tenha soado mudo dos meus lábios.
Mesmo que o sorriso tenha surgido quando já não olhavas.
Mesmo que a tua mão tenha por vezes de esperar demais pela minha...
Busco-te sempre, como cada poro do meu corpo se queda de arrepio ao teu beijo

Sempre novo, mágico, perfeito. Como se fosse o primeiro.

Tão somente:

Amote, assim, sem hífen, para que nada nos separe.
Não preciso de mil anos do teu tempo,
Não preciso dos mil sorrisos,
Não consigo retê-los, não consigo corresponder-lhes.

Não quero prender-te em mil abraços,
Não quero sufocar-te a alma
Não quero que me tenhas em cuidados
Não quero ser-te mais que o que sou

Não preciso dos mil anos, da lua, dos sorrisos, dos abraços
Não necessito das borboletas, dos beijos, dos cuidados
Não preciso.
Não os quero.
Não os mereço.

Há muito que a criança que fui deixou de morar aqui
Há muito que as ilusões que te dei deixaram de me reflectir
Há muito que deixei de me reconhecer ao espelho,
Apesar das vitórias, das concretizações, das alegrias...

Há muito que não me sinto, não me sou
Que o tempo nada me diz,
Que os vampiros se extinguiram da luz
Que as borboletas ficaram em pó guardadas na gaveta
Que beijos, os sorrisos, os abraços,
Deixaram de me aquecer como antigamente...

Há muito que mil anos não me são nada.
Há muito que no meu passado não soa o eco dos meus passos...


Há muito que não sou.


04/11/08
se te desse a minha mão? Seguia-la?
Se te desse tudo de mim, aproveitavas?
Eu sei o que sou,
Como me sou
Com quem vou e porque estou...
E,
Se nalgum breve instante,
Nalguma troca de olhar
Nalgum breve segundo
Te pareceu ver uma alma dentro de mim,
Não te enganes
Era o reflexo da tua a preencher o vazio que sou hoje.
29/12/08
Não tracei este caminho
Como de igual modo não saboreei este veneno que me adoça os lábios
Fingi tudo, com o mesmo ardor com que me acreditei
Fingi tanto, a mim mesma, que me acreditei mais do que fingi
E fui-me sem máscaras.
E dei-me sem dar conta
E desnudei aquilo que sou perante um tu que não conheci.
Quedam-se em silêncios os passos que não dei,
Antes que as palavras firam o momento, antes que o encantamento se quebre
Elevem-se os silêncios, abracem-se os constrangimentos e os consentimentos.
Espectros daquilo que adivinho que irás dizer,
E eu, certa do papel a desempenhar
Envergo mais uma capa, destreza de não me querer afeiçoar,
E abraço esse silêncio
Afago essa distância
Perpetuo este momento com o cálido toque da minha ausência.
Não é meu mas, é do meu filme nº2

CHOOSE LIFE!!!
Choose a job.
Choose a career.
Choose a family!
Choose a fucking big television, Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers.
Choose good health, low cholesterol and dental insurance.
Choose fixed- interest mortgage repayments.
Choose a starter home.
Choose your friends!
Choose leisure wear and matching luggage.
Choose a three piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics.
Choose DIY and wondering who you are on a Sunday morning.
Choose sitting on that couch watching mind-numbing sprit- crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth.
Choose rotting away at the end of it all, pishing you last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats you have spawned to replace yourself.

CHOOSE FUTURE.

CHOOSE LIFE!

- trainspotting -
Podia ter sido a alegria disfarçada em mim
Quase que sorri com vontade, quase...
Quase fui embalada na incerteza, quase...
Quase me lancei ao vazio, sem esperança de ter a queda amparada
Somente na ansiedade de embater, somente,
Cair em silêncio, como em silêncio me lancei sem medo.

Sim, quase viste uma alegria disfarçada em mim.
Quase.
Há sempre um lugar onde as palavras não me alcançam.
Um local retraído das luzes onde o som não se propaga.

Onde os braços gélidos da dor não me queimam,
Onde não me abraçam os gritos guturais da agonia alheia.
Aqui onde me perco em ti.

Onde te lambo com os olhos o trémulo sono,
Sempre cândido e sereno, sem que me sintas,
Aqui, onde te afago vezes sem conta, vigio cada respirar teu com medo que cesse.
Com receio que a realidade torne e cesses de existir.

Sim, receio este sonho.
Receio perdê-lo na imensidão da loucura que germina em mim.
Receio enlear-te demasiado nas lianas metálicas que produzo e não conseguir resgatar-te.
Receio que, mais uma vez, o teu doce suspiro te faça esvair do meu sonho e te afogue numa realidade díspare da minha.

Receio perder-te, antes mesmo de te encontrar em mim.
Tenho ainda na boca o travo desse vinho que me deste.
É acre e queima-me como veneno.
Não te nego nada, bem sabes,
E bebo do meu cálice com àvida sede de te agradar
Mais do que te saber realmente de cor,
Procuro saber o que vês em mim.
Cada palavra, cada gesto, como permanentes avaliações
Registos fonéticos de pensamentos que não são meus,
Mas saem-me dos lábios, todas essas palavras.
Todos esses 'devaneios' que te divertem tanto
Tudo isso não me pertence.
Faz parte do espectáculo que montei para ti.
Faz parte do meu processo de mutação,
Em que me prendo no meu casulo e não retorno
Até teres desaparecido e eu
Eu finalmente posso voltar a sentir pena de mim .

'You know I dreamed about you? I missed you for 29 years before I saw you' - The National
Porque fazemos isto?
Por que motivo irracional nos mutilamos desta forma?

As palavras tomam forma de sabres afiados,
O que nos une transforma-se, é irremediável a sua mutação.
A cada disparo que nos permitimos,
A cada olhar gélido, cheio de uma raiva contida, insensata, cruel,
A cada silêncio dedicado, imponente e quase sempre audível,
Morremos um pouco, separados, lambemos as nossas feridas e fingimos que está tudo bem.

Mas estas marcas não douram com o sol,
Não desvanecem com o esticar da pele,
Com o adocicar dos sentidos.

Sinto cada um destes sulcos na minha carne a latejar.
Tanto como se a própria alma sangrasse pelos olhos tudo o que magoa cá dentro.
É fresco o sabor a cobre que teima em prevalecer das minhas feridas.

Não irão sarar.
E tu sabe-lo tão bem quanto eu,
Não tem remendo este rasgo na nossa alma.
Parte,
eleva-te do sonho voraz que te criei,
emerge do solo estéril que com o meu pesar pavimentei.
Levo-te a memória no beijo arremessado ao céu azul,
entregas-me a passo quedo esse semblante pesado...
Não te sei ler.
Já esqueci o alfabeto cravado na tua pele.
Já perdi a noção do verbo que me ensinaste a conjugar.
Já não recordas quem foste, quem eu fui.
E eu, eu já não me tenho para te dar.
Foste,
o afoguear da minha face num pensamento teu,
o amanhecer com ânsia de um entardecer...
o passo apressado, trôpego, em que corria para te ver.
Foste,
a minha pressa de crescer...

Tripolar

Um destes dias peço-te emprestado,
Agarro-te com força e trago-te ao peito.
Assim, bem apertado, para não tentares fugir
Para não te perder pelo caminho.
Para não desapareceres enquanto respiro...

Um destes dias deixo-te partir,
Concedo-te a liberdade que te roubei.
Assim, como um gesto de altruísmo sórdido,
Lanço-te ao infinito onde pertences e a esse mundo
Esse mundo que te aguarda e anseia.

Um destes dias hei-de ignorar-te,
Passar por ti e olhar para o lado.
Fingir que o teu existir não me traz agonia nem agrado
Permanecer serena ao som da voz que emites
E cantar para mim a canção que dedicaste no passado.

Um destes dias ...
Vou deixar de me ser
Só para te sentir melhor.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

É casto esse recanto da tua mente,
Logo esquecido detrás de qualquer pensamento,
É gélido esse teu toque, como são frias as tuas palavras e a tua vida.

Quase te sinto os dedos esbeltos e frios a percorrerem-me a face,
Quase te permito mais um beijo antes que este sonho passe,
Quase te vejo sem o véu opaco do amor reflectido nos teus olhos
E disso que vislumbro não reconheço nada.

As palavras, amortalhadas em cetim e cânfora, perseguem-te.
São minhas e só eu conheço o seu intento.
Se o conhecer realmente.
Porque das palavras, sibiladas, enegrecidas,
Já pouco sei, já pouco vejo, e nada lhes transmito.

A vida que lhes conferi há muito que se extinguiu de mim
Tal como o calor que me trazias,
Há muito que dele só resta a cinza dessa chama que em ti ardia.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pediste-me um poema,

Como se palavra alguma pudesse descrever o que temos

Pediste-me um abraço

Mas os meus braços, cansados e frouxos já não contêm o vigor para te segurar

Pediste-me um beijo

Como se o calor abrasivo dos meus lábios pudesse apagar o fel das palavras que te dirigi

Pediste-me um sorriso

Perdi-os há muito num sonho onde nem eu sei bem se vivi ou se me deixei matar.

Perguntas-te se te amo, se ainda te amo...

Escrevo-te o poema.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

(I)racional

Pouso em ti esta lágrima nova.

Como repouso na almofada cada desafio, cada remorso, cada dúvida que me engula o dom do discurso e me amarre a garganta a um silêncio abrupto, que se afoga na noite.

Dedico-te esta reflexão profunda, este receio desmedido e esta incerteza angustiante.

Com cada traço do teu rosto desenho em mim uma solução, um futuro e talvez até um sonho que possamos vir a amar e nutrir,

No entanto, no mesmo prado idílico onde me perco em certezas, vejo florir raras vezes o reflexo da minha própria fraqueza.

Componho-me de sorrisos porque já me doem os músculos de tanto chorar,

Encho a alma de força para não me lembrar da vulnerabilidade que está por baixo desta crosta de gente que sou.

Quase me engano e quase consigo partir à margem deste absurdo de letras que empilho na minha cabeça, tento formar um discurso para me convencer

Que tudo o que aqui emerge é real e não imaginado.

Que tudo o que aqui semeio não tem gorgulho

E que nada além da minha voz vai prevalecer neste eco que ressoa já dentro de mim.

Numa busca alucinada por ser travado,

Num torpor de adrenalina, um dejá vu que teimo em passar em películas de um filme amarelecido e já gasto aos meus olhos.

Ao longe ouço-os já, rumores ritmados de um fim que não é o meu,

Pássaros da morte que me anunciam nada que eu não previsse já num tempo distante.

Esta chuva só me molha porque eu deixo,

Este calor só me queima porque eu quero.

Esta dor só lateja enquanto eu a sentir,

Esta vida só corre porque eu a contenho,

Eu só existo quando tu me vês.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Rasguei as páginas onde me escrevi
Com a mesma força com que me ergui deste pesadelo narcótico
Em que me enterrei num manto de terra volumosa e não volátil
Com a mesma vontade com que me sonhei melhor e não frágil

Regenerei-me de mazelas e sepultei os fantasmas
Cremei todos os cadáveres que emergiam na minha crosta de gente
Larguei as cinzas com o agitar de um cigarro
Apaguei as brasas com a última inalação de ópio que me dediquei

E a lucidez proveio de ti
E a sobriedade aufere-me uma nova luz
E a tua presença exaspera-me de felicidade
E tu, sorris-me como ninguém
E tu...
quedas-me de esperança renovada
E tu...
Moço, elevas-me a estádios de euforia quase perfeita

Consigo cheirar-te em mim.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Enlaço-te neste momento com a ebriedade do desejo punjente nos meus braços
Como se te pudesse envolver e assimilar por completo
Lambendo-te os lábios no mesmo fogo que me queima a alma e me crispa a pele
Sendo que te perdes neste enlace em frenesim de cores e sabores de carmim

Beijo-te a ponta das asas em reverencia a tudo o que és
Trazendo a mim alguma dessa grandeza de alma que te precede os sentidos
Acarinho-te na mesma ansiedade com que se abraça o ser que nos le os olhares e decifra os sorrisos
Que nos possui em cárneos devaneios por algo transcendente...

E elevamo-nos de tudo isto,
Não pertencemos aqui...
A vida não é aqui.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Sentei-me no lancil do passeio e todos os passos que me antecederam calaram-se de som
Todos os ruídos que a rua vomitava em torno de mim desvaneceram-se neste momento, e fiquei só,
Com o meu cigarro a queimar-me os lábios, sentada no lancil do passeio,
á espera de ter a força e a vontade de me erguer.
á espera de ter um motivo para me levantar e deixar a minha sombra esquecer-se do passado.
á espera de uma mão que me erguesse.
Mas ela nunca me foi estendida...
E nesse momento, em que os sons se calaram, no momento em que me partilhei com o chão,
Tão perto como se me fundisse com o calor do asfalto e os cheiros da rua,
Os cheiros do mundo que realmente vive e respira, dissociado da minha existencia,
Letárgica, obsoleta,
Nesse momento senti-me morrer lentamente,
Desejando que nunca ninguém me sentisse a falta,
De modo a sempre permanecer aqui,
No lancil do passeio, onde os ruídos se calam e a minha sombra se esquece de mim.

domingo, 19 de abril de 2009

Esvaziei-me de sentido para te poder albergar em mim
Como um manto de loucuras tecido em cetim
Dediquei-te um beijo, prolongado, molhado de saber e doce de veneno
Como se o amanhã não nos trouxesse um fim de paixão
Amortalhado e seco de significado.
Completei-te com preces de enlace de pele em carne viva de desejo
Como se dentro de mim renascesses extasiado de vida e suores de existir...
Alberguei-te no meu colo, para te refugiares,
Para te ter mais perto e não deixar fugir.
Alberguei-te dentro de mim para te sentir sempre na luxúria do meu egoismo sórdido e languido...
Para te trazer no bolso e usar a meu proveito,
Sempre que a vontade me chegar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

conversas

Pensas que tens tudo alinhavado,
podes até ter a certeza de tudo o que dizes estar certo,
tudo o que fazes ser pelo melhor
tudo o que pensas, é despersonalizado,
racionalmente debitado e informatizado a cada expiração
a cada fracção de consciencia que tens de ti proprio.
Até que te apercebes,
que a fé é só isso mesmo, uma esperança desmedida em algo que pode nunca vir a concretizar-se
A crença, o impulso, o "destino", não passam de adjectivos com que tediosamente rotulamos aquilo que nos acontece nas horas amontoadas a que chamam de vida
E quando dás por ti, a dizer tudo o que ensaiaste na tua cabeça
Por anos a fio, tão bem ensaiado, tão minuciosamente descrito
Tão estupidamente real...
Quando dás por ti, tens de facto as palavras a ecoarem no cérebro,
Tens tudo certo, abres a boca e realmente é desta ...
Mas o vazio a que te habituaste engole-te inteiro,
E tens realmente pena de magoar,
Tens pena de te ser sincero demais, tens receio de que não compreendam a tua língua,
De ser mal-interpretado, de ser interpretado bem demais,... e principalmente...
Essas palavras que te assolam, que se assomam na tua cabeça, há tantos anos
Que será de ti sem elas depois?
Como colmatar o vácuo deixado por elas,...
Porque essa dor, e essa cruz já te está calcificada nos ossos, já é parte da tua pessoa, já te ensinou, já te fez errar e já te marcou para a vida.
E sem ela? Sem essa muleta invisível, conseguirás caminhar?
Mais erecto, mais senhor de ti, mais coeso e cheio de auto-estima?
Talvez não.

sábado, 4 de abril de 2009

E não posso dizer-te tudo isto que contenho cá dentro.
Não consigo conter-me de te depositar toda esta fé
Não consigo acalmar esta necessidade em mim
De te querer mais que o desejo que me impele a ti
És-me tudo, desde o som dos meus passos que se repetem sem fim
Na calçada que pisas julgando ser noite e não dia
Nesse acender de cigarro com a minha chama tardia
Nesse teu olhar em que me revejo, nos revejo vezes e vezes sem conta.
Preciso-te tanto que me sufocam as dores de não te ter
Emaranhados confusos que se erguem anafadamente aos meus olhos cansados
Choros de outros dias, outras histórias , outras mazelas que lambi com o tempo
E de tudo o que devia tirar neste espectáculo de luzes e sons mal concebidos
Tudo o que esperava encontrar está amarelado, baço e com verdete da espera
Hipotecado a uma vontade de me reconstruir que teima em dilacerar-me por dentro
Como que um sufoco da teimosia de não me conceber mais do que este projecto inacabado de alguém
Alguém que um dia contou ter um molho de sonhos amachucados na algibeira, para os poder saborear mais tarde
Hoje estão fétidos de bolor e não me valem, nem eu lhes posso valer.
Valia mais te-los solto com o saco de papel onde asfixiei a borboleta há anos atrás.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

In the flesh

Escrevo-te com deleite, como se a minha mão te desenhasse em carne no papel.
Contorno-te as feições com palavras de ternura que nunca te irei proferir nem dedicar.
E quando te circundar de exclamações, quando resvalares nesta folha em desejos, hipérboles, insinuações,
Saberei precisamente onde tocar, terei mil fracções de segundo para retroceder nas minhas decisões.
Tantas hipóteses de te preencher a carne com a luxúria do vinho, como as que te sonho ao manchar de tinta, rudemente, este pedaço de papel.
E antes que o toque acalorado dos teus lábios se prenda ao enlace dos meus dedos, tropegos, e arfantes de desejo...
Antes que caia a noite, suave veneno em áurea taça que partilhamos com as mesmas horas que nos embargam os sentidos,
Antes que nos descuremos em sentimentos cáusticos, carícias mordazes e promessas vazias num amanhã...
Sim, antes que esse amanhã nos engula sem ar, sem luta, somente nos deguste incansável e irascível contra o frio do chão, a dureza da pedra, em contraste com o calor da tua carne desnuda e frágil.




Antes de tudo isso, quero perder-me nesse desejo mórbido, nessa languidez quase-perfeita e pós coital
Quero ser-me como há muito não sabia ser, se é que algum dia me soube ...













....

domingo, 29 de março de 2009

Meto as chaves À porta e dispo tudo o que trouxe lá de fora.
Recolho-me num canto deste imenso silencio e absorve-me toda a pressão que exerço sobre mim mesma.
Descalço-me dos passos que dei, lavo de mim o vento que me fustigou
E purgo lentamente toda a réstea de alma que ainda teimosamente pulsava cá dentro
Acaba-se o tempo antes de conseguir focar em mim o milésimo de segundo em que respirei pela última vez.
Assim caminho pela casa, sustendo a respiração eternamente,
A querer chorar-me de penas e mágoas e sentimentalismos ridículos e sem conseguir verter uma lágrima que seja.
Secou.
É uma concha vazia que se arrasta pelos dias a espera do fim.
É o viver pela obrigação de responsabilidade a que me abandono sem sentir, sem me sentir.
E ainda assim me fustigo com pensamento e calma exacerbada que transpiro a cada segundo.
Tremo, não do frio que me preenche, mas do receio de não me sentir novamente.
E quando termina o auto-flagelo emocional, a ténue lamina que reluz na minha carne nunca pareceu tão quente.
Nunca esse metal me pareceu tão reconfortante, nunca a dor me aliviou tanto como agora.
Forço-me a levantar e comigo levanta-se também mais um dia.
Sempre, o mesmo, o peso, este peso tão grande que disfarço num sorriso largo.
Sim, porque eu sou forte e sorrio muito.
Sim, porque eu sou forte e os problemas são apendices com os quais faço jogo de cintura.
Sim, porque eu sou forte e prefiro ouvir os vossos problemas a falar dos meus.
Sim, porque eu sou forte, e as pessoas fortes não teem problemas.
Sim, eu sou forte.

SSDD (SAME SHIT DIFFERENT DAY)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sentes-te ainda, na dormencia dos dias ?
Sentes-te ainda como uma folha esquecida ?
Onde alguém desenhou um sopro de vida
E se abandonou ao traço em jeito de despedida ?

Consegues ainda, respirar sem ardor ?
Tocar lá no fundo de ti e sentir calor ?
Consegues ainda perscrutar no caminho
Os sons de quem te chama, por te ver sozinho?

Sabes ainda o que é dizer sim?
Olhar nos teus olhos e reconhecer-te assim ,
Vazio, como uma concha inabitada,
Como uma folha de papel por alguém desenhada .

Sabes ainda a que sabe aquele beijo ,
Em que te rendes em loucura e te encontras por fim ?
Sabes ainda a quem te deste,
Sem gosto, sem dor, sem alma em si ?

Sabes mesmo a que soube esse olhar ?
Que entregaste sem remorsos e onde foste buscar ,
O dia, a noite, os sonhos por fim
Dormentes, como tu, amortalhados em cetim.

Sabes que sim.
Ainda sabes que sim.

terça-feira, 3 de março de 2009

Biografia

Não sou uma pessoa organizada.
Não consigo fazer listas de tarefas, não consigo amealhar linhas de pensamentos.
Não tenho capacidade para alinhavar planos e não sou proactiva o suficiente para os exercer quando os tenho.
Não me consigo concentrar.
Penso em demasiadas coisas ao mesmo tempo. Coloco demasiados entraves a mim mesma. Questiono as minhas razões antes mesmo de a minha vontade existir.
Não sou lúcida.
Não consigo ver com clareza nem ouvir com a razão.
Não tenho a destreza de distinguir o real da fantasia e não me peçam para vos ouvir por mais de dez minutos sem dispersar em pensamentos como este que escrevo agora.

Sou sonhadora.
Envolvo-me em teias e trilhos de cores que nem sequer existem na realidade, somente para poder cheirar no meu íntimo aquilo que os outros acham que se chama liberdade.
Sou crítica. Sou mordaz.
Porque simplesmente não tenho auto-estima. Nem orgulho. Nem paciencia. Logo ninguém me consegue magoar mais do que eu própria.
Não me desiludo. Porque simplesmente não espero nada de ninguém. Se não creio em mim, que raio de pessoa seria se depositasse confiança nos outros?

Assim me sou.
Um traste.
Uma caca.
Eu, em convergencia convosco.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

poesia

Tenho a poesia a sufocar-me.
Tomou a forma de um nó na garganta.
Infla-me o cérebro de modo a fazer-me desejar que implodisse em mil fragmentos.

Tenho a poesia a pender-me dos lábios,
Em itálico, em negrito, sublinhada a caprichos de surrealismo crónico.
Tenho-a presa a mim como um estado de transe
Frenético,
Histérico,
Que me adormece os membros e os músculos com a adrenalina de a querer viver tanto quanto a quero escrever.
Quero desenhá-la no papel,
Como se fosse arquitecta da sua existencia...
Ah! Que ousadia a minha!
Quando é ela que me desenha e me molda como o barro arenoso e imperfeitoda sua vontade.

Tenho a poesia a transbordar em mim,
E já não a consigo conter,
Pulula impaciente por uma brecha de luz neste breu onde a condiciono.
Arrepia-se em canções e muta-se com os meus sentidos.
Pinta-se de Sol por vezes, ilumina o que nem sempre vejo de forma límpida.
Outras vezes é a doença da nostalgia que exerce em mim...
No fundo, a poesia, não a posso expulsar de mim.
Tudo o que existe tem de ser provido de alma.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Silencios

Acolho em mim esta vaga de silêncio
Brota na minha pele eufórica e luminescente
Como se lambesse do meu ser toda a tristeza
A encarcerasse em paredes de vida e loucuras de cetim
Resvala dos meus olhos uma lágrima de espanto.
Exausto silêncio que lhe rouba o pranto
Desse cair em seco em chão infértil
Esse adormecer apático no eco dos pensamentos
No silêncio que me engole...
Este silêncio que me engole que me comprime o cérebro e me estigma a alma
Este silêncio que nos devora é fel diluído em licor suave
É a dor quase perfeita que parece ser felicidade...
Este silêncio... sufoca-me
Esse teu silêncio.