sábado, 4 de abril de 2009

E não posso dizer-te tudo isto que contenho cá dentro.
Não consigo conter-me de te depositar toda esta fé
Não consigo acalmar esta necessidade em mim
De te querer mais que o desejo que me impele a ti
És-me tudo, desde o som dos meus passos que se repetem sem fim
Na calçada que pisas julgando ser noite e não dia
Nesse acender de cigarro com a minha chama tardia
Nesse teu olhar em que me revejo, nos revejo vezes e vezes sem conta.
Preciso-te tanto que me sufocam as dores de não te ter
Emaranhados confusos que se erguem anafadamente aos meus olhos cansados
Choros de outros dias, outras histórias , outras mazelas que lambi com o tempo
E de tudo o que devia tirar neste espectáculo de luzes e sons mal concebidos
Tudo o que esperava encontrar está amarelado, baço e com verdete da espera
Hipotecado a uma vontade de me reconstruir que teima em dilacerar-me por dentro
Como que um sufoco da teimosia de não me conceber mais do que este projecto inacabado de alguém
Alguém que um dia contou ter um molho de sonhos amachucados na algibeira, para os poder saborear mais tarde
Hoje estão fétidos de bolor e não me valem, nem eu lhes posso valer.
Valia mais te-los solto com o saco de papel onde asfixiei a borboleta há anos atrás.

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