sábado, 8 de maio de 2010

Há sempre um lugar onde as palavras não me alcançam.
Um local retraído das luzes onde o som não se propaga.

Onde os braços gélidos da dor não me queimam,
Onde não me abraçam os gritos guturais da agonia alheia.
Aqui onde me perco em ti.

Onde te lambo com os olhos o trémulo sono,
Sempre cândido e sereno, sem que me sintas,
Aqui, onde te afago vezes sem conta, vigio cada respirar teu com medo que cesse.
Com receio que a realidade torne e cesses de existir.

Sim, receio este sonho.
Receio perdê-lo na imensidão da loucura que germina em mim.
Receio enlear-te demasiado nas lianas metálicas que produzo e não conseguir resgatar-te.
Receio que, mais uma vez, o teu doce suspiro te faça esvair do meu sonho e te afogue numa realidade díspare da minha.

Receio perder-te, antes mesmo de te encontrar em mim.

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