Senta-te aqui.
Mais perto.
Assim, consigo tecer na minha mente a rede de sentidos que o teu cheiro desencadeia.
Assim, consigo decifrar nos teu olhos a verdade que os incendeia.
Assim, consigo provar na minha pele essa angústia que te aleija e me magoa.
Chega-te mais perto, mas,
Não tão perto que não possa distinguir o meu espaço do teu.
Não tão perto que a tua sombra engula a minha e eu deixe de ser eu.
Não tão perto que as tuas pegadas varram as minhas nesta areia do pensamento.
Não.
Assim tão perto não.
Quero-te comigo, mas não em mim.
Quero trazer-te no bolso e brincar contigo quando a noite for crua e a lua me cantar as canções da solidão e do fim.
Quero saber-te bem, como um passeio na praia ao fim do dia em que o Sol aquece a alma mas não queima a pele.
Quero-te assim. Disponível. Mas não sempre.
Quero-te assim.
Como eu já fui um dia,
Quando me encontraste despida de alma
Embrulhada nas minhas lamúrias juvenis como um sórdido presente.
Nesse dia, podias ter sido livre
E eu,
Hoje podia ser melhor.
sábado, 8 de maio de 2010
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